Futebol feminino do Corinthians vive crise após passagem de Cuca

Contratado em 20 de abril e demitido seis dias depois, Cuca teve uma passagem relâmpago recheada por polêmicas no Corinthians. Antes mesmo de ser anunciado, o treinador já sofria com a pressão da torcida, contrária a contratação do profissional que foi condenado por estupro de uma garota de 13 anos na Suíça. Depois de iniciar seu trabalho, o técnico continuou sofrendo com a tensão, até que decidiu sair do clube.

No entanto, mesmo permanecendo apenas seis dias o treinador causou uma grande divisão na torcida e dentro do próprio clube. Na época da contratação, os jogadores do time feminino postaram um texto em suas redes sociais se mostrando contra o comandante.

Desde então, atletas, diretoria e comissão técnica das Brabas convivem com consequências por conta do manifesto.

Divisão interna e externa

As jogadoras passaram a ser ameaçadas e xingadas nas redes por quem se ofendeu com o texto contra Cuca. Ainda que a maior parte elogiasse a coragem e a postura das atletas, muitos se mostraram contrários. Antes consideradas “unânimes” dentro do clube, as Brabas perderam o apoio de pessoas com influência política no Corinthians.

Já o comandante Arthur Elias sofreu outro tipo de “retaliação”. Assim que Cuca deixou a equipe, muitos nomes foram cotados para assumir o time masculino interinamente. Entretanto, por ter se posicionado ao lado das jogadoras, o treinador do elenco feminino deixou de ser opção.

A cúpula do time feminino tentou propor uma reunião com os jogadores para explicar quais haviam sido as motivações para a manifestação pública, mas o encontro nunca aconteceu.

O momento oficializou o distanciamento entre os times, dado que os atletas se sentiram atingidos pelas jogadoras. Vale lembrar que as lideranças no elenco masculino tentaram fazer com que Cuca permanecesse até o último momento. O goleiro Cássio, um dos líderes, era um dos entusiastas do time feminino, mas se distanciou após o ato.

A diretora Cris Gambaré, uma das grandes responsáveis pelo sucesso das Brabas desde a reativação da modalidade, também foi incluída na esteira das consequências. Antes com grande prestígio dentro do clube, ela perdeu força política nos bastidores por não ter conseguido fazer com que suas atletas mantivessem o protesto de forma interna. Vale lembrar que a profissional foi cotada como candidata à presidência do clube antes dos acontecimentos. Mesmo que não cogitasse concorrer, o manifesto afastou ainda mais a possibilidade.

Zero arrependimento

No entanto, mesmo sofrendo retaliações por conta de seu posicionamento, as lideranças do elenco feminino não possuem qualquer tipo de arrependimento. Segundo fontes, o protesto já seria feito individualmente caso todas não tivessem concordado em fazê-lo unificado.

Reativado em 2016, o Corinthians Feminino acumula conquistas, até aqui já são 14 títulos: 4 Brasileiros, 3 Libertadores, 3 Paulistas, 2 Supercopas do Brasil, 1 Copa Paulista e 1 Copa do Brasil.

Comentários estão fechados.